terça-feira, 14 de julho de 2009

Personagens invisíveis de uma história sem nome (Texto de Christopher)

Personagens invisíveis de uma história sem nome (Quarta-feira, 15 de Julho de 2009)

Foi de repente, e eu desatei a pensar em você. Tantos anos, uma barreira de tempo intransponível entre nós e sem querer, qualquer palavra, som ou cheiro que traga um pedaço daquele tempo me faz ver você quase que materializado em minha frente; nos meus sonhos, devaneios, nas minhas lembranças mais oníricias do que nunca, a constante invasão dos teus pedaços no meu caminho.
Queria poder apenas escolher e nunca mais precisar te lembrar, fechar essa porta como qualquer outra janela e impedir que o vento me toque, mas é o tempo todo que você me salta os olhos, como agora o fez, contudo, de um modo diferente de qualquer outro momento que tenha estado com você.
Eu senti tua presença no local, e quando digo que senti não se trata de ver, ouvir a voz ou qualquer outra coisa, eu realmente senti, numa dimensão da existência que só nós conhecemos senti você, a tua presença invadindo a minha nesse mundo tão pequeno pra nós; senti que se aproximou, passou todas tuas lembranças pelas minhas costas e foi como se suas mãos tocassem as minhas, pois lhe senti o calor, e cada momento que estive com você, cada palavra tua, cada vida feita junta de um jeito tão diferente me veio a mente, de modo tão idílico que qualquer um pensaria ser um sonho. Até este momento eu estava inerte, sem conseguir me mover, preciso a mim mesmo como uma fenda do passado que se abre, até que intuitivamente movo meus olhos e vejo os seus tocando os meus do mesmo modo que te olhava naquele momento; meu sangue gelou, senti meu coração acelerar como se aquilo tudo fosse voltar; teus olhos me eram uma miragem, a ilusão mais real e mais perfeita que já vivi. Foi curto o momento; pela voz de um amigo fui puxado novamente pro presente e saí dali carregando mais um pedaço teu, juntando todos outros e sem saber o que fazer deles.
O tempo é algo injusto você não acha? Queria que estivesse aqui, sentir tua respiração perto de mim, teu corpo se alinhando com o meu, nossos olhos se tocando em toda aquela beleza, suas mãos sutilmente agarrando a minha e dormir no teu ombro, embalado num amor tão puro que jamais poderei sentir. Não nessa vida, não por outra pessoa.
Mas o tempo, esse implacável senhor que jamais podemos transpor de nós mesmos, fez de nossa realidade dois mundos distintos, onde nem mesmo nossas palavras podem mais se tocar. Por mais que hoje naquele momento eu tenha certeza que sentiu o que senti e lembrou-se de tudo quanto me possuía, se housássemos dizer qualquer coisa nos perderíamos em nossas próprias palavras e lembranças e no máximo um oi tímido saltaria de nossos lábios. Nossas vidas, que por muito achei que jamais se desprenderiam hoje caminham pela mesma calçada sem se enxergar.
É pesaroso; mas admito a beleza de tudo que vivemos, nessa história que hoje parece muito mais um sonho que a realidade, uma construção idílica de nós apenas para nos lembrar que temos passado, um passado feito de uma história sem nome com personagens que se apagaram no tempo e hoje são invisíveis, como se jamais nessa vida tivessem se encontrados.
Re-encarnamos meu doce anjo, papéis que nos cabem e transvestem toda a inocência do amor que um dia vivemos, toda a pureza e docilidade de lhe tido nos braços e hoje carrego a poeira de algo que ainda custo a crer que seja real.
Queria que lesse isso, mas eu sei que jamais poderia. Mesmo assim é bom saber que ainda te amo. O amor (real), nunca morre!




Texto Simplesmente lindo
ESENE
Prefiiro não me definir ' Pra ter a liberdade